Dia 8 de dezembro é comemorada a festa de Iemanjá em Belém. A maior
concentração de afro-religiosos ocorre na passagem do dia 7 para 8, na praia de
Outeiro, em Icoaraci. A festa é organizada de modo central na principal praia
de Outeiro, a famosa Praia Grande, mas se estende até a bela Praia do Amor. Centenas
de pessoas se fazem presentes, bares ficam abertos ao longo da madrugada e
vários grupos afro-religiosos fazem oferendas ao longo das praias. Como a festa
é noturna, o espetáculo visual e sonoro é acolhedor e envolvente. Além disso, a
diversidade social, racial, sexual e religiosa, das pessoas que transitam no
espaço da festa, é revelador da liberdade que a festa inspira e permite.
Como era de se esperar, a festa não possui nenhuma divulgação na mídia
local, possivelmente pelo sentido afro-religioso que incomoda as tendências ideológicas
predominantes nos meios de comunicação. Além disso, como a festa não agrega
notícias de violência, não é interessante para os meios de comunicação,
especialmente os televisivos, que alimentam sua audiência com o espetáculo de sangue
de suas programações.
Este ano o Malungo Centro de Capoeira Angola esteve presente no 46º
Festival de Iemanjá. A presença de angoleiros na festa não possuía
necessariamente uma motivação religiosa. Foi fundamentada no diálogo identitário
entre diferentes tradições culturais negras. A ação foi inspirada na festa de
Iemanjá do Rio Vermelho, Salvador.
Na Bahia, a festa acontece no dia 2 de fevereiro e, ao contrário da
festa paraense, ocorre durante o dia, iniciada de madrugada. A orla do Rio
vermelho vira um espetáculo cultural e religioso. Além de turistas, religiosos e
educadores, grupos de capoeira se confraternizam durante a festa.
No Pará, membros do Malungo já haviam visitado o espaço da festa em
2015, mas sem promover uma ação cultural própria. Em 2016, o grupo fez toque de
berimbaus, em uma praia de Cametá, na festa de Iemanjá conduzida por mãe Graça.
Este ano, a saudação de berimbau
foi organizada pelo Malungo por ocasião da sua reunião anual de formação. A vadiação
contou com a presença dos coletivos de Cametá, Belém e Santarém. Outros
grupos de capoeira estavam previstos, mas a dificuldade com o transporte
limitou uma confraternização maior.
Desejamos que a experiência volte a ser repetida outras vezes. Que, até
a comemoração dos 50 anos da festa de Iemanjá, em 2021, tenhamos encontros com um maior número de
capoeiras, na praia do amor, com a saudação de berimbaus e uma boa vadiagem.
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