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Artista plástico Gabriel Ferreira assume a coordenação de Centro de Cultura em Feira de Santana-BA

O artista plástico baiano Gabriel Ferreira, parceiro antigo do Malungo, foi nomeado na semana passada como novo coordenador do Centro de Cultura Amélio Amorim, órgão do governo do estado da Bahia responsável por fomento cultural em Feira de Santana, sede do Malungo. O Malungo deseja a Gabriel Frreira boa sorte na gestão. Veja o artigo do mestre Bel sobre a posse.

O Amélio Amorim sob nova direção: Gabriel Ferreira e as idéias no devido lugar
O Centro de Cultura Amélio Amorim foi palco, na terça-feira, dia 26 de junho, de um evento que talvez se torne marco nas práticas de fomento e políticas culturais em Feira de Santana. Tomou posse como novo coordenador deste Centro, o artista plástico, músico e economista Gabriel Ferreira. Antes que alguém se pergunte adiantarei que a nomeação de Gabriel não foi indicação política e sim resultante de um processo seletivo, como afirmou, durante a cerimônia, o senhor secretário de Cultura do Estado, o professor José Antônio Rubin.
A timidez do Estado (e do município) em fomentar cultura em nossa cidade, tem me provocado desconforto, razão pela qual não posso deixar de refletir sobre o evento de posse do novo coordenador do Amélio Amorim. Pois, mesmo considerando a complexidade de um cargo como este, na atual conjuntura política, acredito veementemente na competência, seriedade e compromisso de Gabriel Ferreira. Portanto, esta é uma reflexão que se configura no campo da ideologia e da relação social.
Ao tratar sobre a noção de ideologia, a professora Marilena Chauí fez algumas observações muito interessantes sobre as relações sociais e de poder. Para a cara filósofa na ideologia as idéias estão sempre fora do lugar. Ou seja, as idéias deveriam estar nos sujeitos sociais e em suas relações, mas na ideologia os sujeitos e as relações sociais é que parecem estar nas idéias. Quando assistimos a forma com as quais os gestores públicos têm conduzido os órgãos e entidades culturais a exemplo dos Centros e das Secretarias de Cultura (especialmente as municipais), a sensação que nos assiste é que os sujeitos e as relações sociais é que estão nas idéias, neste caso, nas idéias que tem lugar na cabeça dos políticos, agentes da administração pública.
No caso dos secretários tanto estaduais quanto municipais, o que se observa é a falta de diálogo (mais preciso) com os segmentos artísticos, culturais e intelectuais. Os secretários estaduais encontram dificuldade de dialogar, principalmente, com os segmentos do interior do estado. No caso dos secretários municipais, estes tem dificuldade de ouvir e muitas vezes de entender a comunidade artística e intelectual. Desta forma, os sujeitos e as relações sociais é que estão nas idéias e estas na cabeça dos políticos, ou seja, fora do lugar. Com Gabriel Ferreira, não tenho dúvida que as idéias estarão em seu devido lugar: nos sujeitos e nas relações sociais.
Em sua cerimônia de posse, por exemplo, muito me animou a presença do Secretário de Cultura do Estado, o que parece sinalizar uma abertura para o diálogo com os segmentos do interior. Entretanto, não pude deixar de observar o descuido da Prefeitura Municipal de Feira de Santana em não enviar nenhum representante da Secretaria Municipal de Cultura, o que foi, pelo menos para mim, bastante preocupante.
Talvez se a nomeação de Gabriel fosse uma mera indicação política, tivéssemos a casa mais cheia, os senhores secretários municipais poderiam estar presentes e quem sabe os nossos companheiros da labuta artística estivessem em maior número.
Parece-me que ainda entre certos segmentos, um conformismo aceitando as idéias fora do lugar. Entretanto, muitos tem se movimentado no sentido de deslocar as idéias para o seu devido lugar: os sujeitos e as relações sociais.
Foi desta forma que assistir a posse de Gabriel Ferreira e muito me animei, voltei a sonhar!
Fonte: Portal Blog da Feira

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