Pular para o conteúdo principal

Vicente Sales, autor de "O negro no Pará", recebe título de Doutor Honoris Causa




O Malungo Centro de Capoeira Angola, parabeniza o professor Vicente Sale pelo reconhecimento oficial de sua obra, a qual inclui importantes estudos sobre a cultura afro-amazônica. O professor Vicente Sales é um dos responsáveis pela introdução dos estudos da capoeira no Para tendo influenciado o treineu Algusto Leal em seus trabalho de pesquisa especialmente o que deu oriegem ao livro "A política da capoeiragem" (Edufba, 2008), bibliografia de consulta obrigatória para as atuais pesquisa sobre o tema no Brasil. Salve então ao mestre Vicente Sales. Segue a nota extraída do site da UFPA:

Um dos intelectuais mais notáveis do Estado, Vicente Juarimbu Salles, recebeu da Universidade Federal do Pará (UFPA) a outorga do título Doutor Honoris Causa, o mais alto dos graus universitários, normalmente concedido a personalidades que tenham se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das Artes, das Ciências, da Filosofia, das Letras ou do melhor entendimento entre os povos. A concessão foi indicada pelo reitor da UFPA, Carlos Edilson Maneschy – para quem a obra de Vicente Salles é “um legado de qualidade acadêmica e cultural de inegável valor.”

Aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário (Consun), a outorga foi votada em reunião extraordinária, nesta segunda-feira, 19, a qual contou com mais de 60 conselheiros presentes, de um total de 98 membros. A votação seguiu o Regimento Geral da Universidade, o qual prevê que a concessão deste grau deve ter o voto favorável de, pelo menos, dois terços (2/3) dos membros do colegiado competente.

O parecer nº20/2011 da Câmara de Legislação e Normas (CLN), que se encontrava em fase de apresentação, teve dispensa de interstício para ser julgado de imediato, a tempo de que a outorga do título possa homenagear Vicente Salles em concomitância com as comemorações pelos seus 80 anos de vida, os quais serão completados no próximo dia 27 de novembro. “Essa será, sem dúvida, uma ocasião propícia para que a UFPA possa reconhecer os méritos universais de sua obra”, afirmou o reitor Carlos Maneschy.

Coroamento de uma trajetória de vida - Em entrevista concedida por telefone, Vicente Salles, que atualmente reside em Brasília, demonstrou-se sensibilizado. “Aos 80 anos de idade, estou pronto para receber muita coisa, as melhores e, até mesmo, as piores notícias. Essa homenagem a mim concedida pela UFPA, certamente, é uma boa notícia que recebo como o coroamento de toda uma trajetória de vida. Um título grandioso que chega a um caboclo do interior e que recebo com muita gratidão”, disse o pesquisador, após ser informado pelo reitor Carlos Maneschy acerca da honraria.

Vicente Salles é natural da vila de Caripi, município de Igarapé-Açu, interior do Pará, donde saiu cedo para estudar na capital, Belém. Formou-se como Bacharel em Ciências Sociais pela antiga Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Aos 23 anos, começou um trabalho pioneiro de pesquisa do Carimbó, ritmo musical popular próprio da cultura paraense. E não apenas. Sua extensa obra dedica-se, de modo geral, à cultura popular e à música, e, de modo específico, à história do Pará, ao povo local, à literatura de autores paraenses: uma produção que soma mais de 25 livros e 50 microedições, entre os quais, estão títulos como: O negro no Pará, O memorial da Cabanagem e Épocas do Teatro do Grão Pará.

Títulos - Membro da Academia Brasileira de Música, seu catálogo de obras, publicado em 2009, relaciona 661 títulos, entre bibliografia básica e bibliografia geral. De acordo com a esposa do pesquisador, Marena Salles, grande parte de sua obra, no entanto, ainda permanece inédita. “Nenhuma pesquisa sobre música e história do Pará, ou sobre as áreas em que é referência, pode ser realizada, hoje, sem mencioná-lo”, afirmou.

Vicente Salles é, também, membro da Academia Nacional de Música; do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; da Comissão Nacional do Folclore, entre outros órgãos e entidades. Durante toda sua vida, recebeu diversos prêmios e o título Doutor Honoris Causa da Universidade da Amazônia (Unama), em 2002.

Museu da UFPA - Na UFPA, Vicente Salles foi diretor do Museu Universitário (MUFPA) por dois anos, tempo que utilizou para organizar seu acervo de partituras manuscritas e impressas, discos, fitas, imagens, livros, folhetos e recortes de jornais. Foi também no MUFPA que implantou projetos de pesquisa sobre a cultura popular do cantochão paraense, bandas de música e edição de partituras musicais em computador.

Atualmente, o Museu da UFPA abriga o Acervo Vicente Salles, no qual está a coleção completa das microedições do pesquisador (Leia no Jornal Beira do Rio a reportagem Projeto recupera Coleção Vicente Salles).

Justiça a um intelectual ímpar - Durante a reunião do Consun que votou a concessão do título, diversos professores da UFPA manifestaram-se sobre a colaboração inestimável de Vicente Salles para a produção de conhecimento sobre o Pará e a Amazônia. Para o relator do processo e professor do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da UFPA, Antônio José Mattos, o título Honoris Causa “faz justiça a um intelectual ímpar”, que tem "a obra de um gigante”. Da mesma forma, o pró-reitor de Extensão, Fernando Arthur Neves, disse que “o título concedido engrandece não apenas o professor Vicente Salles, mas também a própria UFPA.”

O diretor do Instituto de Ciências da Arte (ICA) da UFPA, Celson Gomes, destacou a importância do pesquisador para essa área do conhecimento, especialmente para a área de Música. “Não por acaso, Vicente Salles foi o homenageado do V Encontro Nacional da Associação Brasileira de Etnomusicologia, realizado em Belém, em maio de 2011”, lembrou.

Interdisciplinaridade - Já o vice-reitor Horácio Schneider destacou, por exemplo, a importância da obra de Vicente Salles para a Biologia, mais especificamente para os estudos de antropogenética. “O livro O Negro no Pará é uma obra de referência, que pavimentou muitas das pesquisas do Grupo de Estudos em Genética de Populações Humanas, do qual eu faço parte”, contou. O diretor adjunto do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UFPA, professor Nelson Souza Júnior, afirmou que “Vicente Salles é um criador no sentido pleno da palavra, o qual consolidou a área de estudos amazônicos e gerou novas possibilidades de pesquisa.”

A cerimônia de entrega do título Doutor Honoris Causa a Vicente Salles ainda será agendada em data próxima. A expectativa é que o pesquisador possa vir a Belém para receber a homenagem.

O texto deste post foi extraído de: www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"História vista de baixo" - o Contramestre Bel é o mais novo colunista do Portal FS

Samba, Cabaré e Polícia na Feira de outrora Denominada princesa do sertão baiano, Feira de Santana já gozava, nas décadas de 1930 e 1940, de importante prestígio, já tendo sido, inclusive, objeto das mágicas lentes de Pierre Verger, artista francês radicado na Bahia. Sua história tem sido ao longo dos anos associada a uma cidade que tem origem em um importante comércio de gado e sua principal identidade social constituída em torno da “cidade comercial”. Entretanto, pode-se explorar outros importantes aspectos da história de Feira de Santana, a exemplo das experiências culturais negro-africanas ali constituídas, este é o caso dos sambas que tinham como cenário as contagiosas noites dos cabarés feirenses. Este breve ensaio de reflexão, que ora apresento aos leitores, inaugura a mais nova coluna do PORTAL FS, intitulada “História vista de baixo”, justamente por se tratar das histórias daqueles indivíduos, grupos e culturas que não conheceram a pena que pintou os compêndios sobre a Bahia

CAPOEIRA ANGOLA E IEMANJÁ: A FESTA CULTURAL EM OUTEIRO

Dia 8 de dezembro é comemorada a festa de Iemanjá em Belém. A maior concentração de afro-religiosos ocorre na passagem do dia 7 para 8, na praia de Outeiro, em Icoaraci. A festa é organizada de modo central na principal praia de Outeiro, a famosa Praia Grande, mas se estende até a bela Praia do Amor. Centenas de pessoas se fazem presentes, bares ficam abertos ao longo da madrugada e vários grupos afro-religiosos fazem oferendas ao longo das praias. Como a festa é noturna, o espetáculo visual e sonoro é acolhedor e envolvente. Além disso, a diversidade social, racial, sexual e religiosa, das pessoas que transitam no espaço da festa, é revelador da liberdade que a festa inspira e permite. Como era de se esperar, a festa não possui nenhuma divulgação na mídia local, possivelmente pelo sentido afro-religioso que incomoda as tendências ideológicas predominantes nos meios de comunicação. Além disso, como a festa não agrega notícias de violência, não é interessante para os meios de comunic